Eliminado da Copa do Brasil, o São Paulo chegou ao Canindé ciente de que enfrentaria uma Portuguesa que busca pontos para se afastar da zona de rebaixamento e reforçada pela estreia de Dida. Mas acabou encontrando em sua própria torcida o principal adversário. Xingado durante todo o jogo, o time perdeu por 1 a 0 no Canindé.
Chamado de “sem vergonha” em meio a cobranças pela demissão de Emerson Leão, o Tricolor, apático no primeiro tempo, foi para o intervalo sob o cântico “bagaço da laranja”. Aos dez minutos do segundo tempo, o resultado da atuação influenciada pela pressão: Ivan marcou para a Lusa.
O que se viu até o apito final foram protestos se intensificando à medida que o nervosismo prejudicava o time recém-eliminado da Copa do Brasil e que, agora, estaciona nos nove pontos no Campeonato Brasileiro, ficando mais distante da faixa da tabela que dá vaga na Libertadores. Já a Portuguesa dá um salto na tabela ao atingir sete pontos.
Djalma Vassão/Gazeta Press
O jogo – É costume em todos os clubes a torcida entoar cânticos com os nomes de todos os titulares. E a escalação realmente foi cantada pelos são-paulinos que foram ao Canindé, mas cada um dos jogadores recebeu um xingamento, mesmo que fosse um simples palavrão. E foi assim até depois de acertos.Emerson Leão escalou todos os seus titulares, com exceção de Luis Fabiano, suspenso – e mesmo assim chamado de pipoqueiro pelos protestantes. Mas ninguém rendeu como pode. Jogadores como Cortez, Denilson e Lucas – chamado de Marcelinho, alcunha com a qual se profissionalizou por parecer e ter jogado em uma escolinha do ídolo do Corinthians – eram claramente influenciados pelos xingamentos.
Completamente desconfortável em campo, o Tricolor deu espaço para a Lusa se sentir literalmente em casa. Até o zagueiro Rogério tinha liberdade para se aproximar da área defendida por Denis. Desta forma, nos primeiros 20 minutos, Ivan, Guilherme, Diego Viana e Léo Silva perderam boas oportunidades.
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Em meio à pressão, Paulo Miranda, Denis e Casemiro se esforçavam para evitar problemas, mas cada boa intervenção era seguida por, respectivamente, pedido de “volta à Bahia”, “mão-de-alface” e baladeiro mercenário. No ataque, em meio à apatia de Lucas e Willian José, Cícero se salvava com chutes perigosos, mas logo também sumiu.Revoltada, a torcida inovou. Pediu a demissão de Leão e, na sequência, cantou os nomes de Telê Santana e Muricy Ramalho. Depois, citou jogadores da época em que o time foi campeão da Libertadores e mundial em 2005 e brasileiro entre 2006 e 2008, como Lugano, Fabão, Amoroso, Aloísio, Mineiro, Josué, Junior, Cicinho e Leandro, além de cantar que Rogério Ceni, machucado, é o melhor goleiro do Brasil.
O Canindé acabou se tornando um caldeirão a favor da Lusa exatamente pela intensa pressão da torcida visitante. Mas os anfitriões diminuíram o ritmo. Assim, Jadson pôde apresentar um pouco do futebol que a torcida são-paulina definiu como de “segunda divisão”. O problema era que Dida, aos 38 anos, aparecia bem, defendendo todas as bolas que iam em direção à sua meta e repondo com precisão usando as mãos. O veterano ainda teve sorte em bola de Jadson que triscou na trave.
Cabisbaixos, os jogadores do São Paulo foram para o intervalo demonstrando claramente a influência dos protestos de torcedores que chamaram o time de “sem vergonha” e “bagaço da laranja”. Leão não mexeu na equipe e o Tricolor voltou ainda pior, fornecendo mais espaços e oportunidades para a Lusa acertar.
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E a Lusa, desta vez, aproveitou. Guilherme, de volta após um tempo afastado para tentar negociações, tinha uma intermediária inteira de presente para fazer o que quisesse. Aos dez minutos, o volante inverteu para Ivan chutar forte e cruzado para balançar as redes.A partir daí, o São Paulo só deu mais razões aos protestos. Casemiro foi substituído e recebeu intensa vaia, sendo xingado mesmo quando já estava fora do jogo. A pressão era tão forte que os reservas nem foram se aquecer perto da torcida, trabalhando em um curto espaço ao lado do banco de reservas.
Já a Portuguesa tinha total controle de um time extremamente descontrolado. Estava tão fácil que um golaço quase ocorreu no Canindé, em lançamento de calcanhar de Diego Viana para Rodriguinho aplicar um drible da vaca em Paulo Miranda antes de bater com perigo para Denis, que ficou na torcida para ver a bola sair pela linha de fundo.
Na frente, Fernandinho e Maicon entraram somente para dar mais razões aos xingamentos. Sem Lucas, completamente sumido, e Luis Fabiano, suspenso, o Tricolor teve suas raríssimas oportunidades mais uma vez bem defendidas por Dida ou, no máximo, passavam perto da trave para fora. E o Canindé terminou a noite com a torcida da casa em festa diante dos protestos dos rivais.
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