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quinta-feira, 12 de julho de 2012

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Foram 11 jogos, 120 dias, quatro cidades visitadas, 16 mil quilômetros percorridos e muitas histórias para contar. Em 11 de julho de 2012, o torcedor do Palmeiras soltou o grito e comemorou o segundo título da Copa do Brasil em sua história, garantindo a vaga na Taça Libertadores do ano que vem.
A trajetória não foi fácil, ninguém achou que seria. Para conquistar o troféu no Couto Pereira, Luiz Felipe Scolari e seus comandados tiveram de passar por momentos difíceis, de incertezas e inúmeros problemas dentro de campo – com lesões, suspensões e imprevistos extra-campo.
A conquista ainda foi marcada por três passagens de sucesso em Curitiba: o tenso duelo contra o Paraná, pelas oitavas de final, o empate heroico contra o Atlético-PR, nas quartas, e a consagração diante do Coritiba – algoz do Verdão no ano passado, com direito a um dolorido 6 a 0 no mesmo Couto Pereira. Cenário e palco da conquista não poderiam ser mais perfeitos para o palmeirense, que curou de vez a ferida aberta no ano passado.
Felipão, Palmeiras, comemoração, Copa do Brasil (Foto: Geraldo Bubniak / Agência Estado)Felipão, o comandante do Verdão no bi da Copa do Brasil (Foto: Geraldo Bubniak / Agência Estado)
Tudo começou em 14 de março, de forma tímida, contra um time do interior de Alagoas. Jogando no Estádio Rei Pelé, em Maceió, o Palmeiras estreou na Copa do Brasil diante de um bravo Coruripe, atual campeão do estado.
Parecia que seria tranquilo. Aos 2 do primeiro tempo, Barcos abriu o placar e o caminho para evitar o jogo de volta. No entanto, os 88 minutos restantes foram de tensão e até gols perdidos pelo time da casa. O 1 a 0 forçou o segundo duelo, em Jundiaí, que o Verdão venceu com facilidade: 3 a 0.
Embaixador pé-quente
O duelo da segunda fase, contra o Horizonte, marcou a “estreia” do ex-goleiro Marcos na temporada. Depois da aposentadoria em janeiro e um curto período de férias, o ídolo palmeirense voltou ao clube como embaixador, promovendo ações com torcedores e encontro com governantes dos locais que visitou. Na pequena cidade do Ceará, por exemplo, o “Santo” recebeu 50 fãs no hotel, e distribuiu sorrisos, autógrafos e fotos.
O Horizonte mostrava suas armas. Não quis jogar em Fortaleza, preferiu seu estádio e o lotou no dia do jogo, 4 de abril. Marcos viu o rival abrir o placar no primeiro tempo, com Mateus, mas depois se deleitou com um herói improvável: com dois gols, o zagueiro Leandro Amaro virou o placar e deu mais tranquilidade ao time. Incendiário, Maikon Leite entrou no segundo tempo, tabelou com Ricardo Bueno, fez o terceiro gol (uma pintura) e eliminou a necessidade do jogo de volta: 3 a 1.
Marcos só voltaria a viajar com o elenco nas quartas de final, contra o Atlético-PR. Antes do primeiro jogo, em Curitiba, na Vila Capanema, ele fez dois anúncios importantes durante o evento com os fãs: seria pai pela terceira vez, e teria seu jogo de despedida marcado para o dia 12 de dezembro. Com o empate em 2 a 2 fora de casa, o Verdão engrenou e confirmou a vaga fora de casa. Antes, porém, foi preciso superar o momento mais tenso da temporada.
Eliminação, protestos e resposta
Foi difícil digerir a queda nas quartas de final do Campeonato Paulista, para o Guarani. A derrota por 3 a 2 em Campinas mostrou um time irreconhecível, cheio de deficiências e sob desconfiança do seu torcedor. Felipão não se escondeu, agiu e fez trocas: a principal delas foi no gol, com Bruno substituindo Deola. Três dias depois, em 25 de abril, o Verdão enfrentaria o Paraná, em Curitiba (para variar), pelas oitavas de final.
A viagem na véspera do jogo foi tensa. Torcedores protestaram na chegada ao Aeroporto Afonso Pena, pediram a saída de Felipão, xingaram a grande maioria dos jogadores. Assustados, os palmeirenses deixaram rapidamente o saguão e seguiram para o hotel. O pacto feito naquela noite de terça-feira era simples: jogar como time pequeno, mesmo contra um rival da segunda divisão nacional e estadual. Não perder.
O jogo foi tenso, em uma Vila Capanema encharcada pelas chuvas daquela semana em Curitiba. Em 25 de abril, só a bola parada poderia resolver a favor do Palmeiras. Foi o que Marcos Assunção fez logo no primeiro tempo, com um golaço de falta. Os paranistas ainda empataram, mas Henrique, de pênalti, fez 2 a 1. O clima era de total tensão, mas a vitória ajudou o grupo a seguir em frente.
Na volta, um 4 a 0 com dois gols do recém-contratado Mazinho selou a classificação para as quartas. Ali, o Palmeiras começou a se identificar com a Arena Barueri. Apesar da distância e dificuldade de acesso para os torcedores, o clube abraçou o estádio cada vez mais, a cada nova fase, a cada nova vitória. Contra o Atlético-PR, depois do 2 a 2 e das revelações de Marcos, o time voltou a Barueri e fez 2 a 0, gols de Luan e Henrique na segunda etapa. Mesmo com a desconfiança, o Palmeiras estava nas semifinais.
Virada para a taça
Ainda havia desconfiança a respeito do que o time de Luiz Felipe Scolari poderia fazer diante do Grêmio de Vanderlei Luxemburgo e Kleber – dois desafetos do torcedor alviverde. A equipe gaúcha criou um clima de guerra para o jogo de ida, no Olímpico. Ao mesmo tempo, o Palmeiras vivia o primeiro dos dois grandes dramas que teve na fase final: o sequestro-relâmpago sofrido por Valdivia, que mexeu com o grupo.
O Mago estava suspenso para o jogo de Porto Alegre, não jogaria de qualquer jeito, mas seus companheiros prometeram jogar por ele. O empate sem gols era lucro para os comandados de Felipão, naquela noite de 13 de junho. Mas Mazinho, o grande predestinado da campanha, entrou no fim e abriu o placar em seu primeiro toque na bola. Barcos, de cabeça, fez o segundo. Os cerca de 3 mil palmeirenses no Olímpico pareciam não acreditar: o título era uma realidade mais palpável.
No jogo de volta, com Valdivia em campo, empate em 1 a 1 na chuvosa Arena Barueri. Ironia ou não do destino, o Mago foi o autor do gol da classificação, não se conteve ao comemorar, derrubou Felipão no chão e se emocionou. Em duas semanas, o chileno havia passado por uma gangorra de sentimentos, que culminou com a vaga na grande decisão contra o Coritiba. Aquele Coritiba. Os 6 a 0 que eliminaram o Verdão na Copa do Brasil passada ainda estavam engasgados em alguns jogadores. Marcos Assunção, por exemplo, dizia sofrer até hoje com aquela derrota.
O segundo drama veio justamente no dia da primeira partida da final, com uma crise de apendicite em Barcos, artilheiro e homem de confiança do ataque palmeirense. Só que o destino colocou o desconhecido Betinho como outro herói – por que não? – do título. Um pênalti sofrido no fim do primeiro tempo abriu o caminho da vitória por 2 a 0 sobre o Coxa, em Barueri. Valdivia converteu a penalidade, e Thiago Heleno fez o segundo.
Em Curitiba, o Palmeiras sofreu pressão, tomou o primeiro gol, mas empatou com o predestinado Betinho, completando de cabeça um cruzamento de Marcos Assunção, de falta - a bola parada fazendo a diferença novamente para o Palmeiras.



 



Fonte: Globo Esporte
Postado Por: Jackson Mauricio
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